À Decomposição humana,
Em suaves e simples palavras escrevo sob a pesada e indiscutível pressão dada aquele pedaço de papel e em tinta de sangue despejado ao léu, no qual enviei a ti como forma de transcrição dos valores marginalizados que cada macro-célula sentiu. Seus sacrilégios arremessados a face em que todos os dias sorriram, ao avistar sua presença, como uma luva de pelica que me atinge de forma profunda e despojada, aos sons que sua voz atingia, os mais internos órgãos auditivos, como quem tripudia de um coração acro.
Você os dominou, de forma tão vasta de ogra, de forma tão vomitada, tão escachada, os sensibilizou com mãos aveludadas que acalmam espíritos. Confundiu, matou.
Seus sentimentos a todo o momento eram sentidos, eram facas que atingiam bexigas cheias de amor. Acabou com esperança, paixão, incitou ódio... agradou inescrupulosos seres e outros adocicados deflagrou, como uma devassa em seu território, o fez .
Deusa da magnitude maligna era aclamada, enxofre cheirava, fogo aparentava, no Inferno vivia, como aqueles puros e reluzentes viram em ti, como eu, um exemplar acompanhante?
Descorou aqueles que iluminavam o mais caliginoso lugar. E em seu cafarnaúm viveu por incontáveis anos. Anões que rodeavam aquele, as contas tomavam e protegiam sem consciência de quem um dia foram. Fictícia era sua lenda, tão quão errôneas eram suas atitudes. Em desgarrados acreditaram, esses que fizeram daquela que atormentou, hoje chora e perdão implora, a um ferido sobrevivente.
A pressão a que escrevi, os sentimentos a que me entreguei, só posso lhe responder, como forma de gratidão (por um dia ter dito que ensinar-me-ia a amar) que te perdôo.
A outra face que restou e um desgastado corpo, em pernas tremulas digo-lhe com tons altos: PERDÔO-TE.
Assinado: Alvor de um íntimo ferido.