domingo, 29 de março de 2009

Morrer por não viver?

Ainda atordoado começo a recobrar a consciência que abruptamente, por bem temporariamente, foi retirada. Olho, com a imagem ainda embaralhada, onde estou, não vejo nada, não reconheço nada, tento levantar e nada, olho para mim, apesar do escuro observo que mesmo com minha vontade a local algum eu vou. Estou preso a uma cadeira, fui seqüestrado da mais pura e ilegal forma. São poucas luzes ao fundo que demonstram a profundidade do local, que é úmido, frio, escuro e mesmo com toda essa sombria imagem, me reconforta e faz com que o frio na barriga torne-se calor.
Ouço, com dificuldade passos ao fundo, os contornos de quem reproduzem esses sons aparece, são de fortes pessoas, de pessoas com decisão e sem mais nem menos param. Ao abrir a boca para perguntar onde estava, sinto um gosto amargo, um liquido quente escorrer sobre meu lábio tocando minha língua, liquido que escorria sobre meu rosto, solto uma de minhas mãos para tocar e vejo que aquilo que fazia mais um de meus sentidos se aguçarem era meu próprio sangue, era parte de mim tocando em mim.
Enfim, aqueles que se aproximaram, mas não apareceram, resolvem falar, resolvem perguntar. Como primeira pergunta, parecendo ser a ultima, escuto: “Amaste alguém, tanto quanto sua vida?”, imagino meus pais, meu irmão, minha irmã, mas a pessoa a quem respondo em bom tom de voz, sob o escorrido e derramado sangue é você. Ouço como resposta a uma minha frase, “se amas tanto quanto fala, fará o que digo, sua vida não terá como seguir, sua saída ou melhor sua ultima ação será escrever a essa pessoa, dizer onde está, dizer que morrerá e que a ultima imagem que vê é essa pessoa, pois está aqui por ela, está aqui por não dizer, está aqui por se torturar em não amar”.
Imagino como irei dizer isso a você, se não conseguia nem te encarar,como vou dizer tudo isso? Minha outra mão é solta, uma caneta e um bloco de papel me são dados e por assim solicitado, a escrevo esta carta que lê, porém não vou dizer o que sinto a você, mas vou descrever o que essas pessoas me fizeram ouvir, me fizeram falar.
Pós receber essa que seria minha ultima fase em um passo de amor, ouço outra pergunta: “como descrevera a pessoa a quem sua vida doa?” e o respondo:

Descrevo-a como o mar,
Que belo é, que apaixonante a cada encontro fica
Descrevo-a como o pasto
Que delicado é posto o orvalho pela manhã
Descrevo-a como uma flor,
Que mistura a beleza e a delicadeza
A descrevo de todas as formas na qual vejo todos os dias reluzente ao aparecer.
E que fundo e aprisionador são seus olhos
Macio e aconchegante é sua pele,
E enlouquecedor é seu abraço.


Ao lembrar de você e descrever a esse que nem o nome sei, sinto em minha boca, a mistura daquele gosto amargo e quente, com um salgado e frio, pois ora, eram minhas lágrimas por sentir você. Então por coragem e força, chegou a hora de eu perguntar, quem é esse, que me machuca por não dizer e mata por não viver o amor?
A resposta vem em uma simples palavra porém tão forte quanto um tiro: Sou o seu CORAÇÃO.